Tudo era assunto para ser pensado e divagado, e muitas vezes aspirávamos o futuro e como e onde iríamos estar daí a 10 e 20 anos.
Aquando da minha primeira menstruação, foste a pessoa a quem corri a contar. E quando não aguentava mais o segredo da minha homossexualidade foste a primeira, e única durante muito tempo, pessoa a saber.
Foi contigo que tantas vezes andei à chuva e que aprendi a gostar dela, e riamo-nos tanto mesmo sabendo que as nossas mães nos iam ralhar quando chegássemos que nem pintos a casa...
Houve músicas que ouvíamos juntas e para sempre quando ouvia essa mesma música me assaltavas o pensamento, e muitas vezes dava por sim a sorrir de carinho pelas meninas que fomos.
É-me impossível relembrar a minha adolescência sem que estejas lá.
Já era contra ir a casamentos quando te casaste, e não pude faltar.
A minha primeira namorada, tiveste que a conhecer e até a marcaste ao perguntar á sua frente se eu estava feliz.
Sónia e eu em 1992 |
Detentora duma sabedoria e bondade invulgares, Sónia, soube que a morte te veio buscar há apenas umas horas... e ainda não acredito. Parece uma brincadeira de mau gosto, tens uma alma demasiado grande para que uma acidente de viação te leve de nós assim, como senão fosses nada...
Contava contigo para conversar muito na nossas velhices, na tua última mensagem de facebook falavas exactamente disso.
Minha Grande amiga, deixas-me um buraco tão grande na alma e uma ferida a sangrar tanto no coração... como vai ser o amanhã?
Se houver vida para além desta, por favor vai-me esperar quando eu for, pois as saudades que hoje me estás a deixar nunca passarão e muito aumentarão.
E esta é a música que marcou o inicio da nossa amizade e que jamais conseguirei voltar a ouvir sem chorar.
Até breve na eternidade minha GRANDE AMIGA...
Sónia Alves